O conceito de aula-passeio foi cunhado pelo educador francês Celestine Freinet; sua ideia era reunir teoria e prática, dando maior sentido ao currículo escolar na medida em que o aproxima do mundo, dos fenômenos naturais e culturais que constituem nossa sociedade e o meio ambiente.
A proposta de Freinet está apoiada em três momentos:
1. Experimentação: realizada em forma de observação, comparação, coleta pelo estudante em seu material escolar, dos objetos da aprendizagem antes abordados em sala de aula. Ir a uma aula-passeio é colocar o estudante neste campo alargado de experiências educativas, estimulando-os ao mais importante objetivo pedagógico que se pode ter: o prazer de aprender e conhecer coisas novas.
2. Criação: partindo dos conhecimentos extraídos da experimentação, com a ajuda da imaginação, estimula-se a apropriação através de marcas da pessoalidade, do fazer “a sua maneira”. As atividades de ilustração que compõem este caderno trazem a proposta de, após as marcas intensas de curiosidade e vontade de aprender, proporcionar que a criança se torne autora e com isso, conduza o “novo objeto” para dentro de si, de forma mais sólida e significativa.
3. Documentação: uma vez experimentado e (re)criado, o conhecimento precisa ser registrado; permitindo o diálogo com outros pesquisadores – que também dedicaram-se ao tema de estudo pretendido. As ações de aula-passeio tornam-se ainda mais ricas quando possibilitam o diálogo entre os estudantes, permitindo-os uma espécie de obra coletiva.
Estes são os mesmos momentos sobre os quais organizamos o projeto “Um Olhar Investigativo sobre o Sertão Carioca” que estrutura as aulas-passeio da Educação Infantil. O projeto se desenvolverá em sala de aula e posteriormente em cenários diferentes da região de entorno de nossas unidades, formada pela Baixada de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca.
“Sertão Carioca” é o apelido dado por Magalhães Corrêa, historiador que na década de 1930 retratou uma paisagem ainda rural, seus animais, suas plantas e as poucas pessoas desta região que – menos de um século depois – viria a se tornar uma das mais importantes da cidade do Rio de Janeiro.
Pretendemos com as ações investigativas conhecer o complexo lagunar local e a biodiversidade das restingas, manguezais e florestas remanescentes, assim como, identificar possíveis soluções para a preservação deste patrimônio carioca.