No Sertão Carioca, podemos ainda encontrar várias maravilhas naturais da Mata Atlântica e redutos de biodiversidade fluminense, como o Maciço da Pedra Branca, a restinga de Sernambetiba, a restinga de Itapeba, a restinga de Grumari, a lagoa de Jacarepaguá, a lagoa de Marapendi, a lagoa da Tijuca, os manguezais de Guaratiba e a Restinga da Marambaia.
O Maciço da Pedra Branca é a mais preservada de todas, por ter sido transformado em Parque Estadual em 1974 e contar com uma política de preservação relativamente bem-sucedida nas últimas décadas. O Parque é composto por uma cadeia montanhosa que engloba alguns (muitos!) bairros cariocas: de Jacarepaguá, Taquara, Camorim, Vargem Pequena, Vargem Grande, Recreio dos Bandeirantes, Padre Miguel, Bangu, Realengo, Sulacap, Campo Grande e Guaratiba (este último realiza o ponto de encontro do complexo com o mar).
Coberto por vegetação típica da Mata Atlântica (braúnas, cedros, jacarandás, jequitibás e ipês), o Parque da Pedra Branca ainda abriga uma enorme variedade de animais silvestres: cachorro-do-mato, preguiças, tamanduás-mirins, pacas, tatus, cotias, tucanos, gaviões, répteis e pássaros, muitos deles ameaçados de extinção.
Trata-se de um território repleto de memórias históricas, com sítios de interesse cultural à disposição do turista-visitante: antigos aquedutos, açudes, represas, casas de fazenda, senzalas e quilombos, construções seculares, as igrejas de São Gonçalo do Amarante e a Capela de Mont Serrat, e mesmo, fortificações do tempo do Império.
Apesar do avanço da cidade sobre a região, o Maciço da Pedra Branca ainda é o lar do remanescente “caboclo carioca”. São descendentes de escravos que fundaram comunidades na floresta – e, portanto, bem antes da sua conversão em reserva ambiental. São comunidades que vivem fundamentalmente da agricultura orgânica e que, aumentando a complexidade deste cenário, suscitam constantes conflitos entre os ecologistas defensores do patrimônio natural e os antropólogos defensores do patrimônio cultural.
Mesmo sendo quatro vezes maior do que o Parque da Tijuca, o Parque Estadual da Pedra Branca permaneceu desconhecido por décadas; apenas nos anos 2000 foi reconhecido como a maior unidade de reserva florestal em área urbana do mundo. E são, evidentemente, enormes os desafios para a manutenção de uma grande área natural no meio de uma região cosmopolita, assim como, garantir estudos a preservação das nascentes hídricas ali encontradas.
Para garantir que os objetivos de preservação sejam cumpridos, o Parque usufrui do status de Unidade de Conservação (UC) e conta, portanto, com uma Plano de Manejo oficial. O Plano de Manejo é um documento elaborado a partir de diversos estudos (do meio físico, biológico e social) e estabelece as normas, as restrições para o uso, as ações a serem desenvolvidas no manejo dos recursos naturais da UC e seu entorno.