Se você parou para ler este post é porque está de olho no relógio que tique-taqueia para marcar o retorno às aulas. Estamos às vésperas do 2º semestre e uma mistura de ansiedade e um pouco de preguiça dão contorno a este momento. Seja sincero. Concorda? Já já eu explico melhor.
2018 está veloz; começou ontem e lá estava toda a expectativa do “ano novo”; energia elevada, agraciada pelo o quê Drummond (Carlos, o poeta) chamou de esperança proveniente do fatiamento inteligente do tempo. Basta sabermos que teremos novos doze meses pela frente e… voilà: energia. E essa energia foi muito bem usada, cá entre nós: abertura do ano letivo, aula inaugural; Um Olhar Investigativo sobre o Sertão Carioca, Feira Literária; primeiras semanas de prova, Escola Aberta, reuniões de pais e o final do 1º trimestre; Feira de Ciências e Fórum de Humanas; Simulados de Cambridge; Inscrições para a Certificação de Cambridge; mais outras semanas de provas; Copa do Mundo: melhor não lembrar disso; Julho. Ufa… Esqueci de algo? Provavelmente.
Drummond dizia que essa energia decorre da expectativa de que tudo pode ser diferente no ano por vir. Votos, acordos e desejos são renovados. Essa é a pilha. Fizemos bom uso dela. O primeiro semestre foi espetacular! Podemos fazer melhor? Sempre. E certamente, por conta disso, cada um já começou a fazer a lista de 2019. Seja sincero. Não é? Esse é o problema.
Concluo que os começos nos seduzem; a tal novidade – “que veio dar praia” – desperta em nós a vontade de fazer melhor; essa sereia. Mas, por quê as continuações são menos encantadoras? Porque vemos as continuações como resto, parte faltante que nos lembra do que não fizemos, do que poderia ter sido melhor “desde o início”. Nossa mente – ressacada pelo gasto da energia inicial – faz a gente crer que “é só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte”. Por isso a ansiedade: para verificar os índices de sucesso obtido; por isso a preguiça: causa-efeito para justificar o adiamento das tarefas para o próximo ano; o novo, de novo. Pronto, expliquei o início.
Vou revelar uma opinião: esse tal tempo, de calendários e relógios, é uma criatura inventada; coisa artificial como tudo que é demasiadamente humano; a criatura-tempo não existe em outro lugar senão, em nossa própria imaginação. Mas essa coisa inexistente teima em ditar o ritmo de todas as outras coisas – essas sim, existentes. Esqueçamos o tempo; melhor pensar que as coisas não têm essa lógica de “início-fim”. Elas só estão; elas são. Elas somente continuam. Pessoa (Fernando, outro poeta); acabo de lembrar dele: “Ficção de que começa alguma coisa! Nada começa: tudo continua (…) O mesmo rio flui onde se vê. Começar: só começa em pensamento.”
Em resumo: vale mesmo, o AGORA. É bem isso. O ano está continuando, assim como nossas vidas e o valor delas está sempre aqui, AGORA. Estudou pouco, não importa, estude mais AGORA. Fez poucos amigos, participou pouco da vida escolar, mude e reaja, AGORA. Alguns planos não foram bem-sucedidos, esforce-se para cumpri-los, AGORA. Deixou pendências e mal-entendidos, ok, desfaça-os, AGORA. 2018 ainda não é o melhor ano de nossas vidas, pois bem, vamos juntos, AGORA. E ele certamente será.
Desejamos a todos, um maravilhoso 2º semestre.
Sejam muito bem-vindos, de novo!
André Ferreira
Direção Pedagógica
Colégio Alfa CEM Bilíngue